PROJETO 2021-2022
Projeto idealizado por Maria Albertina de Oliveira Martins Nogueira
What – O que será feito?
O Projeto Eu Sou Dono de Casa fará um estudo de campo, a partir da adaptação, ao contexto doméstico familiar, da Metodologia de Análise dos Postos de Trabalho que foi adotada no Projeto Revalorizar o Trabalho para Promover a Igualdade.
O mencionado Projeto irá traçar uma radiografia do trabalho doméstico não remunerado e os cuidados de pessoas.
A finalidade essencial do Projeto Eu Sou Dono de Casa é medir o valor do trabalho doméstico não remunerado, mais os cuidados de pessoas.
Objetivo Geral deste Projeto
Os dados obtidos com este estudo irão promover maior visibilidade e melhor percepção, quanto ao valor deste trabalho e consequentemente, maior prestígio do mesmo, por parte dos seguintes extratos sociais:
• De todo o agregado familiar.
• Dos decisores das empresas.
• De variadas Instituições.
Objetivos de Resultado Advindos com o Projeto Eu Sou Dono de Casa
1. Melhor partilha dos trabalhos domésticos não remunerados, mais os cuidados com pessoas, sob um olhar, favoravelmente, diferenciado;
2. Aumento da participação de mulheres em cargos de representação e de decisão na esfera pública, uma vez que as mesmas passarão a ter mais disponibilidade de tempo para, caso queiram, dedicar-se às atividades de caráter político-econômico;
3. Obtenção de subsídios robustos, entre eles o mapeamento de competências, para a regulamentação da profissão de empregada/o doméstica/o, mediante curso de capacitação profissional.
O mapeamento de competências
A partir do mapeamento dos saberes inerentes à atividade das/os empregadas/os domésticas/os, ou seja, saber-saber, saber-ser, saber-fazer, serão estruturados conteúdos programáticos nas seguintes disciplinas: Saúde e Segurança no Trabalho; Higiene e Segurança Alimentar; Normas de Protocolo; Legislação do Trabalho; Ética e Deontologia, Relacionamento Interpessoal, Economia Doméstica; Educação Financeira e outros.
Ressalta-se que a atividade de empregada/o doméstica/o tem sido realizada, maioritariamente, pela dona de casa, ou pessoa remunerada para tal.
A referida metodologia responderá a quatro questões/fatores:
1. Quais as competências que são mobilizadas nas tarefas inerentes ao trabalho doméstico não remunerado e cuidados de pessoas?
2. Quais as responsabilidades que permeiam o trabalho doméstico não remunerado e cuidados de pessoas?
3. Quais os esforços empregados no trabalho doméstico não remunerado e cuidados de pessoas?
4. Quais as condições em que este trabalho é desenvolvido?
Posteriormente, a partir de uma escala a ser construída, iremos medir o valor das tarefas pertinentes a cada um dos 4 fatores acima.
Esta mudança de perspectiva por parte dos decisores atuará positivamente, como um efeito cascata no aumento da participação das mulheres em cargos de representação e de decisão.
Senão vejamos:
Se os homens assumirem claramente e com naturalidade, diante de suas chefias e de seus amigos que partilham os trabalhos domésticos não remunerados e cuidados de pessoas, a tendência é de que as mulheres não sejam mais prejudicadas/penalizadas no Processo de Avaliação de Desempenho nas empresas.
Deste modo aumenta a possibilidade de promoção de carreira das mesmas, ou seja:
A empresa não usará como argumento para a não promoção das mulheres o fato delas não poderem se dedicar 100% à empresa, já que os homens também não poderão ter esta dedicação, por conta da responsabilidade assumida com a partilha dos trabalhos domésticos não remunerados e dos cuidados de pessoas que necessitem.
No que se refere à participação das mulheres na esfera político partidária, com a partilha do trabalho doméstico não remunerado, mais o cuidado de pessoas, a mulher disponibilizará de tempo para dedicar-se a este segmento/atividade.
No decorrer deste Projeto acontecerão seminários sobre questões relacionadas com a igualdade de gênero/igualdade de mulheres e homens (numa abordagem de direitos e deveres iguais para ambos), destinados aos técnicos e demais agentes do Projeto.
Serão elaboradas ferramentas para o presente estudo, tais como: questionários, escalas, fichas de observação e no final desta pesquisa será construído um manual que dará suporte didático pedagógico em programas relacionados à educação para a cidadania.
Who – Quem será o responsável?
O Projeto terá uma Coordenação Geral que partilhará com a Coordenação Técnica, mais a Coordenação Administrativa e a Coordenação Financeira, a responsabilidade pelos trabalhos pertinentes ao Projeto.
Será constituída uma equipe formada por facilitadores/instrutores/treinadores, assistentes administrativos, técnicos operacionais, contador/a, assessoria de marketing e de imprensa.
Será também, definida uma Metodologia de Monitoramento e Avaliação do Projeto, para facilitar o alcance dos objetivos, bem como os resultados, prazos e situação global de todo o processo do Projeto (equipe responsável, indicadores, meios de verificação, recursos previstos).
Serão criados instrumentos específicos, como por exemplo, Balanço de Competências. A citada metodologia ficará a cargo, preferencialmente, de um centro de pesquisa de notório reconhecimento.
When – Quando será feito?
Este item, incluindo a cronologia, será elaborado com as Parcerias de Desenvolvimento, com as quais serão feitos os ajustes necessários a viabilização do Projeto, sem adulterar a finalidade e o objetivo do mesmo.
Where – Onde será feito?
A abrangência territorial deste Projeto será a nível nacional, sendo que o estudo de campo terá início no Rio de Janeiro.
As atividades serão realizadas nas instalações de instituições públicas e/ou privadas que entrarão no Projeto como Parceiras de Desenvolvimento.
Why – Qual o motivo de ser feito?
Estudos sobre a gendarização do uso do tempo de homens e mulheres mostram barreiras que dificultam, ou mesmo impedem que mulheres possam dispor de tempo para se dedicarem a cargos de comando e de representação, como, por exemplo, a cargos políticos.
Uma das consequências deste constrangimento é que somente 10% das mulheres estão exercendo cargo político partidário, ainda longe dos 30% estabelecidos em norma.
Este gap decorre do fato de serem elas, por questões culturais, maioritariamente as responsáveis pelas tarefas domésticas não remuneradas e pelos cuidados de pessoas.
Uma das alternativas que permitirá maior participação das mulheres em cargos políticos é a efetiva partilha destas responsabilidades entre homens e mulheres e em todo o agregado familiar.
No entanto, muitos são os homens que ainda resistem porque:
• Existem tarefas domésticas desagradáveis e/ou chatas;
• A convicção de que os trabalhos domésticos não remunerados e os cuidados de pessoas devem ser feitos por mulheres;
• Têm vergonha de assumir publicamente que fazem “trabalho de mulher”;
• Não percepcionam valor nem prestígio no trabalho doméstico não remunerado e cuidados de pessoas.
Nesse cenário a elaboração de uma ferramenta que possa mensurar o valor das atividades inerentes ao trabalho doméstico não remunerado e os cuidados de pessoas poderá ser um fator de motivação para a geração atual e as futuras, no que se refere à mencionada partilha.
No entanto, esta motivação será alavancada, desde que o resultado deste estudo seja amplamente divulgado junto aos meios de comunicação de massa (entrevistas, talk show etc.), bem como em congressos, nas escolas e universidades.
Importante que as ilações deste estudo passem a integrar as ações voltadas para a área da educação.
A partilha dos trabalhos domésticos não remunerados mais os cuidados de pessoas será um fator facilitador para incentivar as mulheres a participar ativamente nos processos de tomada de decisão nas instâncias públicas de grande amplitude, ou seja, participação nas esferas política e econômica.
A analogia descrita a seguir pode ilustrar a realidade do atual contexto sobre a temática deste Projeto.
De modo comparado, uma casa é uma empresa.
Uma empresa organizada em várias áreas, quais sejam, área de produção: Confeccionar alimentos (uma fábrica de fazer comida).
Área de serviços:
– Lavar, passar, limpar e arrumar a casa.
Área de administração de estoque/material:
– Identificação e seleção de fornecedores, inventário e levantamento de demanda.
Existe, porém uma área mais sensível, onde a afetividade é pungente.
A Área dos Cuidados de Pessoas: Filhos, pais, sogros.
No entanto, enquanto que trabalhar numa empresa pode conferir algum status social, algum prestígio ao trabalhador/trabalhadora, trabalhar na Casa/Empresa é visto como uma atividade sem complexidade, ou mesmo de pouco valor.
Ocorre que as atividades inerentes a esta Casa/Empresa são desenvolvidas predominantemente pela mulher.
Tanto que se diz: “Para a mulher a casa; para o homem a rua”.
A realização destes trabalhos pelo homem tende a ser percepcionada como vergonhosa, principalmente pelos outros homens e quiçá por algumas mulheres. Afinal, trabalho de casa é coisa de mulher.
Como consequência é extremamente difícil para este ser mulher, construir uma carreira profissional, ou ingressar na militância política, e até mesmo, ter um tempo para si próprio, tendo que assumir sozinha as áreas da Casa-Empresa.
Daí o partilhar é mais que necessário; o partilhar é imprescindível. Uma partilha baseada no reconhecimento da relevância e na validação do valor das tarefas pertinentes a este “Posto de Trabalho”.
Nesse sentido, vale registrar que na década de 50, os nipônicos, empiricamente reconheceram de certo modo, a importância do trabalho doméstico não remunerado, quando nele se inspiraram para a criação da Metodologia de Gestão de Qualidade denominada 5S.
A adoção desta metodologia pelas empresas japonesas contribuiu para a recuperação econômica do país, então destroçado pela guerra.
Os japoneses perceberam que as suas donas de casa, ao executarem as tarefas domésticas, utilizavam técnicas que os gestores identificaram como 5 Sensos, quais sejam:
– Senso de Utilidade, Senso de Ordenação, Senso de Limpeza, Senso de Padronização/Saúde e Senso de Autodisciplina.
Ainda hoje, pela simplicidade desta metodologia, facilidade de implementação e pela obtenção de resultados eficazes, o 5S vem sendo utilizado como ferramenta indispensável, enquanto base para preparar o ambiente para os Sistemas Integrados de Gestão – SIG e para ampliar as vantagens da empresa em permanecer num mercado cada vez mais competitivo.
Outro motivo que serve de sustentação para o presente estudo é que segundo o diagnóstico divulgado em 2015, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Brasil encontra-se entre os 10 países mais desiguais do mundo, tendo sofrido um agravamento das desigualdades social e de gênero.
A propósito deste drama, o país, ao lado de 192 estados-membros das Nações Unidas, durante a Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável 2015, assumiu o compromisso de adotar políticas públicas estruturadas para colocar em prática os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável/ODS, constantes na Agenda 2030, acordados na mencionada cúpula.
Neste contexto o Projeto Eu Sou Dono de Casa, visa atender diretamente o preconizado em 5 dos 17 ODS, dando maior ênfase nos que se referem ao combate à pobreza das mulheres e à igualdade de gênero/igualdade de mulheres e homens.
Esta ênfase decorre da existência de um antagonismo verificado na seguinte constatação:
– Ao mesmo tempo em que as mulheres constituem cerca da metade da população economicamente ativa, o percentual de pobreza é maior nas mulheres do que nos homens, para além de que nas famílias monoparentais são as mulheres que assumem a responsabilidade com a criação de seus filhos o que faz que mulheres pobres criem homens pobres.
O exposto acima demonstra a robustez da alta relevância sócio económica deste Projeto.
How – Como será feito?
Desenvolvimento do Projeto Eu Sou Dono de Casa – em linhas gerais
Uma vez definidos os Parceiros de Desenvolvimento/PD*, todas as ações serão decididas de comum acordo, mas em linhas gerais são as seguintes:
• *Constituição da Parceria de Desenvolvimento/PD, podendo incluir Universidades/Centros de Estudos/Associações/Homens do Lar;
• Definição do orçamento do Projeto;
• Definição do cronograma do Projeto;
• Realização dos ajustes necessários a viabilização do Projeto, sem adulterar a finalidade e o objetivo do mesmo;
• Definição das funções e responsabilidades (direitos e deveres) de cada integrante da PD;
• Definição das responsabilidades, atribuições e perfil dos agentes/equipe técnica junto ao Projeto;
• Realização do Recrutamento e seleção da equipe técnica/Grupo de Trabalho;
• Realização seminários sobre a temática para os membros do Grupo de Trabalho-GT;
• Definição dos critérios para a avaliação/acompanhamento do Projeto e dos membros do GT e da PD;
• Cerimônia de abertura do projeto;
• Início do projeto, com preparação do material para o estudo de campo;
• Realização do estudo de campo – Coleta de informação e tratamento dos dados relativos aos “postos de trabalho” a avaliar/avaliados;
• Ilações sobre o estudo;
• Criação de estratégias para substituir a lógica de ajuda por atitude de partilha dos trabalhos domésticos não remunerados;
• Promoção de atividades didáticas pedagógicas para maior conscientização sobre os estereótipos de gênero que contribuem para definir, de modo rígido, o que é trabalho de homem e trabalho de mulher;
• Elaboração de manuais e vídeos didáticos pedagógicos para a disseminação do estudo;
• Divulgação deste Projeto e de seu resultado junto aos meios de comunicação de massa (entrevistas, talk show etc.);
• Identificação de Postos de Trabalho de Valor Igual;
• Definição dos mecanismos de intervenção/estratégias para a mudança;
• Divulgação das ilações em congressos, nas escolas e universidades;
• Seminário de encerramento do Projeto;
• Relatório final do Projeto;
• Acompanhamento do percentual de mulheres candidatas e eleitas em cargos políticos.
How much – Quanto custará?
Orçamento – Item a ser elaborado em parceria
Este item, será elaborado com as Parcerias de Desenvolvimento, com as quais será feito o orçamento do Projeto, sem adulterar a finalidade e o objetivo do mesmo.
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